Tem-se uma
polêmica e uma questão que a maioria das pessoas torna-se incógnita e de
dificultosa resolução ao tratar do meio ambiente: sua preservação. É bastante
complicado compreendermos todas as causas, efeitos e agentes que contribuem
para sua destruição e preservação. Culpa-se geralmente as grandes corporações
produtoras, a irresponsabilidade de indivíduos descuidados com o seu redor, o
material que constitui determinado produto, o consumismo etc.
No entanto,
é bastante mais profunda a razão da deterioração dos finitos recursos naturais.
E para compreendermos melhor essa problemática, consultaremos o célebre
filósofo conservador Roger Scruton, em um de seus livros intitulado Como ser um
conservador, no oitavo capítulo: A verdade no ambientalismo.
No título é
questionado o porquê de o conservadorismo ser uma corrente de pensamento viável
à proteção do meio ambiente. Para determinado entendimento, é necessário que se
saiba o que forma o conservador. A sinopse do estimado livro de Scruton,
remete-nos à seguinte síntese:
O
conservadorismo advém de um sentimento que toda pessoa madura compartilha com
facilidade: a consciência de que as coisas admiráveis são facilmente
destruídas, mas não são facilmente criadas. Isso é verdade, sobretudo, em
relação às boas coisas que nos chegam como bens coletivos: paz, liberdade, lei,
civilidade, espírito público, a segurança da propriedade e da vida familiar,
tudo o que depende da cooperação com os demais, visto não termos meios de
obtê-las isoladamente. Em relação a tais coisas, o trabalho de destruição é
rápido, fácil e recreativo; o labor da criação é lento, árduo e maçante. Esta é
uma das lições do século XX. Também é uma razão pela qual os conservadores
sofrem desvantagem quando se trata da opinião pública. Sua posição é
verdadeira, mas enfadonha; a de seus oponentes é excitante, mas falsa.
Ou seja, a
retórica conservadora é o senso de preservação de valores coletivos, deixados
pelos mortos, que devem ser valorizados pelos vivos, e herdados da melhor forma
possível pelos que ainda irão nascer. Este é um dos principais discursos de
Whig Edmund Burke, conservador e contrarrevolucionário. “Acredita-se numa
associação entre vizinhos em vez de uma intervenção do Estado” [1].
Então, quem
melhor vigente seria para se aliar à causa ambientalista senão a causa
conservadora?
No entanto,
encontramo-nos hoje em dia com um conservadorismo corrompido pelo viés do
capital, por ambições globais de empresas multinacionais e, sobretudo, pela
supremacia do pensamento focado somente na economia pelos políticos modernos.
Tais fatores têm forçado os conservadores a aderirem a alianças com
instituições que consideram fúteis os esforços de conservar as coisas.
A partir
disso, é complicado encontrar sujeitos e comunidades dispostas com as causas
ambientalistas, sendo que alguns dos ativistas radicais da “linha de pensamento
verde” têm obscurecido a causa, pela imensidade de problemas que nos
apresentam, e assuntos que jamais poderiam ser resolvidos por nações
singularmente, e por instituições privadas, como aquecimento global, o
derretimento das calotas polares, a mudança climática etc.
Todos esses
agravos encontram-se fora de alcance de qualquer governo nacional, e que nunca
fornecem uma solução imediata.
Passando
então aos problemas focados pelos conservadores, há um denominado
“transferência de custos”, que é uma forma de passar o custo de preservação e
reaproveitamento de um produto para outro setor da sociedade. Como no exemplo
das garrafas pet de uma empresa X, que não deseja gastar recursos para coletar
garrafas dispersas no ambiente urbano e rural, e transfere seus recursos para
as empresas de reciclagem e de despejo.
“O meio
ambiente é degradado porque externalizamos os custos daquilo que fazemos; e a
solução é descobrir os motivos que farão regressar os custos para quem os
criou”. [2]
A economia
livre é governada pela demanda individual, ou seja, pelos anseios do
consumidor. Isso é um aspecto que auxilia no crescimento das corporações
(geradoras de emprego e renda estável) e contribui para a externalização de
custos. Todavia, a solução não é socialista, que tanto quanto de nociva possui a
construção da sociedade e suas tradições valorosas, têm também para o meio
ambiente, sendo até mais prejudicial que o livre mercado, uma vez que transfere
o imenso poder econômico das empresas a uma série de burocratas, que, além de
impedirem o crescimento econômico de um país, também externalizam os custos, enquanto
desfrutam dos benefícios seguros fornecidos do produto social (impostos de
renda).
A solução é
assumirmos nossos custos e encontrar sempre uma maneira de pressionar as
grandes empresas a fazerem o mesmo. Mas como?
O sentimento
de interesse racional é um agende influente para que isso seja efetuado, no
entanto, deparamo-nos sempre com um paradoxo motivado pelo consumismo e
autocontrole, algo quase utópico visando à relação individualista ao se
garantir o bem estar próprio. E os teóricos do contrato social, como Thomas
Hobbes E John Rawls, que tentaram solucionar o problema das escolhas sociais em
prol do bem estar coletivo, decaíam sempre com o seguinte empecilho, destacado
por Scruton:
“por que é
mais sensato ser fiel ao contrato do que fingir que o aceita e executa?” [3].
A solução
imediata que se encontra é mais uma vez burocrática, estabelecendo limites e
regulações que gerem incentivos para que o indivíduo preserve. No entanto, tal
medida retira a própria mobilidade das empresas e civis capacitados em
encontrar uma resolução à longo prazo, uma vez que seu desenvolvimento
tecnológico é limitado a determinadas exigências locais, que não podem suprir
necessidades ambientais globais e de desenvolvimento tecnológico acelerado,
gerando um paradoxo, uma complicação.
Outra grande
solução falha proposta pelos ambientalistas, que deve ser desconstruída, é a
tomada de pactos globais por meio de suas organizações representantes, como
Organização das Nações Unidas (ONU), a União Europeia (UE) e a Organização Mundial
do Comércio (OMC). Como no Protocolo de Kyoto, onde é necessário o
reconhecimento, por parte de todos os países envolvidos, da soberania da
vontade popular em se ingressar nos projetos de preservação, o que é possível
em democracias melhormente consolidadas e quando há os três poderes
encontram-se equilibrados em sua delimitação de atuação e poder. O que é o caso
dos EUA, ou do Reino Unido, ou França... Mas não é o caso da China, ou Brasil,
ou Índia...
Os
ambientalistas, ao encorajar a soberania global, enfraquecem a soberania
nacional e o sentimento de nacionalismo por barreiras legislativas.
Enfraquecendo as únicas fontes de resistência e de onde se pode partir uma
resolução viável e de longo prazo para a preservação da natureza, o Estado
político, o sentimento de soberania nacional, ou seja, o nacionalismo.
Conferindo a
alegação de Scruton de que “Nações são comunidades com uma configuração
política. E estão predispostas a afirmar a soberania vertendo o sentimento
comum de pertença em decisões coletivas e leis autoimpostas.”[4],
compreendemos que a nação é um agende coletivo na esfera de decisões globais,
tornando do indivíduo um agente também coletivo na tomada de posição frente a
essas decisões. E o sentimento de pertença, de nacionalismo, coletivismo contribuem
para o pensamento ecológico, fazendo com que os sujeitos busquem reafirmar a
soberania local nos ambientes conhecidos e administrados por eles mesmos.
Pensamos enfim o seguinte dilema: “Experimente localmente, pense
nacionalmente”.
Trata-se enfim
de afirmar a autonomia das nações em tomar decisões na adoção de políticas que
atendam às necessidades culturais dos locais de atuação, evitando a imposição
generalizada das organizações globais mencionadas, que estabelecem burocracias
muitas vezes ineficazes se tomadas de forma tão ampla.
Logo, estimular
a atividade dentro dos limites locais ao invés dos globais é uma medida
efetiva. E faz-se isso por meio do incentivo ao nacionalismo.
Exemplos
concretos onde se procede exatamente como são explicados no texto não nos
faltam. Um dos exemplos fornecidos pertence a uma era generalizada como a
inconsequência ambiental, o século XIX, quando uma instituição britânica,
privada, denominada English National Trust, com cerca de quatro milhões de
membros, dedicada a proteger as zonas florestais do processo urbano e
industrial e incentivou, por meio do ativismo, a criação de parques florestais
no interior dos grandes campos urbanos; as leis de planejamento da Suíça que
permitiram com que os povoados estabelecessem suas regras compartilhadas para a
preservação do meio ambiente.
Cabe também
que novas tecnologias e ideias de âmbito privado, estimuladas pelo senso de
compartilhamento, coletivistas, contribuem efetivamente para a preservação
ambiental por meio da contenção da produção desenfreada de artigos de consumo
sob a égide do impulso consumista proporcionado pela obsolescência programada.
A tão famosa e reconhecida Economia Colaborativa, que consiste na troca de
serviços de produtos de vizinho para vizinho, a fim de atender ao seu serviço
somente, e depois os recursos produtivos são novamente compartilhados. Tal
recurso consiste em três passos: mercados de redistribuição: ocorre quando um
item é transferido de um local onde não é mais necessário para onde o é, baseando-se
no princípio de “reduza, reuse, recicle, repare e distribua”; os Lifestyles
colaborativos: consiste no compartilhamento de recursos, tais como dinheiro,
habilidades e tempo; e os Sistemas de produtos de serviços: quando um
consumidor paga pelo benefício do produto, não por ele em si, ou seja, não mais
se investe num CD, mas na música contida dentro dele.
Amsterdã, após várias iniciativas de cunho popular e
corporativo privado, agentes internos e isentos de uma burocracia taxativa e
fatídica, que são estimuladas pelo sentimento coletivo tão compreendido pelo
sentimento conservador, sofrei com as revoluções provocadas pela economia
colaborativa[5].
"A ideia é transformar Amsterdã em uma cidade colaborativa e
utilizar as possibilidades que esta nova modalidade econômica oferece nas áreas
de sustentabilidade, coesão social e economia e, por sua vez, formular as
respostas aos desafios que este fenômeno apresenta", explicou à Agência
Efe o cofundador da iniciativa social SharingNL, Harmen Van Sprang.¹
Todas essas medidas são efetuadas
em pequena escala, no entanto, demonstram-se efetivas, e, como é notório, são
influentes onde o patrimônio cultural e científico das comunidades alcançou um
pleno status de civilização organizada. E ainda que diversas localidades tenham
atingido um bem estar considerável para com o meio ambiente, não podemos
ignorar que há problemas de ordem global a serem questionados, e como
poderíamos fundamentar uma solução eficaz se os acordos transnacionais de ordem
global somente fornecem soluções imediatas, que não prologam seus efeitos, por
estabelecerem burocracias que se desmancham pela desconexão social, cultural e
política com várias regiões?
Conforme verificamos todos os
dias em corriqueiros anúncios e notícias, sempre há desenvolvidas novas formas
de preservação de determinado recurso exaurível por uma técnica ou máquina, às
vezes desenvolvidas por um civil ou um grupo de civis comuns, ou instituições
privadas. Essas tecnologias podem suprir a necessidade de acordos
internacionais, onde países nos quais as grandes corporações não possuem uma
democracia equilibrada, as necessidades contratuais poderiam não ser cumpridas.
O problema não é de ordem
diplomática, mas tecnológica. É primordialmente um critério científico, que
requereria o investimento e relação de grandes empresas representantes de
diversas nações. E logicamente isso ocorreria com comunidades nacionais
desenvolvidas e subdesenvolvidas, sendo necessário o estímulo ao livre mercado.
E mais uma vez cabe ao sentimento coletivo de um povo determinar quais
representantes políticos poderiam aderir mais facilmente à causa.
Cabe então um investimento e
empenho político por parte de grandes nações, em pesquisas científicas, e só há
uma nação com força política e corporativa suficiente para suportar tamanha
tarefa, e essa nação é os Estados Unidos da América. País que se enquadra na
recuperação de uma crise, e acaba de ingressar em outra no período de 2016,
pelo Obamismo[6].
É complexo o problema de ordem
nacional, e mais complexo ainda os fatores de ordem global, que necessitam de
condições específicas e empenhos mútuos, de altíssimo relevo e divulgação, por
parte dos concidadãos.
O incentivo à lógica burkiana de
preservação social, pelo minarquismo, ao incentivo à livre-economia atrelada à
iniciativa pública ávida, pode-se alcançar mudanças eficientes, de ordem
nacional. A lógica conservadora é a maior aliada do pensamento ambientalista
quando se deseja protestar em favor da mãe natureza. Experimente localmente,
pense nacionalmente.
Gabriel Silva Corrêa Lima
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nao entendi porra nenhuma fdp
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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