segunda-feira, 16 de maio de 2016

Paciência X Tolerância - Contra o Caos Social

O maior paradoxo do século XXI é o desafio que o cidadão comum tem de lidar diariamente com tanta complexidade e velocidade dos fatos, o que nos remete ao debate da Paciência X Tolerância por conta da necessidade de se simplificar tudo para que o grande público final (talvez ignorante) compreenda. A coerência, adquirida por amplas experiências e estudos, é o maior freio da hipocrisia e sua consequente ingenuidade, algo bastante desejado hoje pelos liderados que não se sentem mais representados por quase ninguém, seja na política ou em outras esferas da vida - mas como conseguir interpretar bem as reais intenções das pessoas e líderes diante da atual crise brasileira para que haja a retomada também da confiança no próximo?


A maioria do povo brasileiro entende que há um princípio de proporcionalidade na natureza, que é um pilar da justiça intrínseco a absolutamente tudo. Se você é governante e desrespeita a lei, será julgado juridicamente. Se você assassina alguém, será julgado penalmente. Se você fura a fila, senta no banco preferencial sem poder, paga propina para funcionário corrupto ou consome produtos piratas; você deve ser julgado e depois punido na mesma proporção dos seus atos de acordo com a lei em nome da ordem pública, e não das suas intenções. Se fosse para amenizar os danos ou a punição em nome da boa vontade, por que a pessoa faria qualquer ato se não fosse de seu interesse atingir algum resultado a princípio?

Esse argumento utilitarista induz à seguinte frase: crime ou corrupção não se compara, se pune! Obviamente precisamos respeitar o princípio da inocência, porém, quando se trata de profissionalismo, pouco importa os valores ou a moral dos agentes: o resultado tem que acontecer. Como a justiça, bem como a democracia e a liberdade dependem da vigilância pública eterna para suas respectivas eficácias e existências, sabemos que a imperfeição é parte fiel da realidade. Sendo assim, a fragilidade que todo posicionamento político possui, inclusive o neutro, emerge a necessidade de um herói chamado conhecimento absoluto, o que a América Latina se habituou a chamar de autoridade - infelizmente pela sua falta de paciência.

Sendo cada vez mais pragmático, a isonomia é outro fator fundamental para a saúde de uma república: apesar de sermos naturalmente diferentes, devemos ser tratados de forma igual perante a lei independentemente de quem sejamos na sociedade, portanto apenas as nossas responsabilidades espelhadas por nossas ações diárias são capazes de nos qualificar, guiadas usualmente por um senso individual. Pois bem, a atual crise brasileira e a falta de credibilidade (confiança) conjunta nos deixou num debate profundo e inútil sobre a ética, um substantivo investigativo das práticas culturais que atuam como um remédio social, sucumbindo talvez o lado ruim do ser humano. Em contrapartida, a falta de unificação dos movimentos e grupos sociais consequente da marginalização da verdade não auxilia em nada na melhoria da vida que o povo tanto clama, o inimigo oficial se chama relativização moral.

O que estamos vivenciando é um reflexo da revolução cultural gramsciniana, que surgiu das práticas perversas da esquerda brasileira em dividir para reinar no intuito de implantar um socialismo bolivariano via populismo, destruindo a moralidade nacional pela completa falta de coerência proposta pela paralaxe cognitiva e sua imensa necessidade de emergir argumentos através da dualidade, ou seja, pensamentos anti-construtivistas e utópicos atraentes. O papel dos conservadores é promover a farmácia popular, alguém que segue tal posicionamento deve compreender esses fenômenos políticos e intervir somente quando necessário em nome da paz social, pois é inegável que a harmonia é fraca perante o conflito, sendo as regras institucionais, criadas e testadas durante séculos, a maior ferramenta da direita de rigidez sobre cumprimento das leis e proporcionadora da melodia, cuja validez se daria pela simplicidade das interpretações dos intelectuais. Então não é preciso dizer quem é o real responsável pela crise brasileira.

Os jovens e adultos imaturos/inexperientes, apressados como sempre serão, procuram sempre uma matéria pura para admirar ingenuamente e recebem punições da verdade por não entender o papel que fazem ao se posicionar de determinadas maneiras dentro de uma sociedade, é claro que as pessoas conservadoras serão taxadas de inimigas "intolerantes" quando é justamente o contrário. A mera tentativa de imposição é uma arrogância aos princípios liberais, a resistência somente é justificável se for sempre útil à sociedade, sendo esta construída através de sua cultura advinda da moral tradicional que somente os conservadores querem respeitar e não pela impaciência ou indignação seletiva dos vermelhos. Portanto um comportamento agressivo jamais parte da intolerância, mas sim da falta de prudência - ambos valores presentes somente na esquerda.

As intenções das pessoas são apenas um material de curiosidade, os fatos e os diálogos construtivistas efetivos são os fatores que conseguem definir a realidade e a verdade fielmente. Isso pressupõe que a diversidade deva ser estimulada e sadiamente preservada, sempre abaixo da vigilância pública eterna em nome da ordem social. O mundo nunca será perfeito, nosso objetivo é que ele seja tolerável e sustentável.

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