Para começarmos a entender o que está em jogo quando se abre ou não fronteiras, podemos definir que imigração, como fenômeno, somente ocorre entre Estados e Federações, o que facilita bastante nossa análise e exclui o caso "Continente Americano". O argumento de que os EUA, por exemplo, foi construído a partir de imigrantes não está totalmente correto pois os nativos não formavam um Estado por falta de uma força armada que defendesse a propriedade privada de seus membros de forma unificada, então praticamente todos os países que conhecemos do "Novo Ocidente" nasceram do nada, de um nomadismo por assim dizer. Sendo agora terra de alguém, os americanos assim como nós, os brasileiros, se uniram culturalmente a um Estado poderoso a ponto de se expandir com grande auxílio da mão de obra estrangeira que populava seu território. Se isso não fosse verdade, nenhum índio se uniria às expedições "brancas" para combater seus inimigos de tribos ou populações vizinhas, uma estratégia de domínio que se desenvolveu deste episódio e que foi repetida na África durante o neocolonialismo.
Sem dúvidas, o crescimento populacional aumenta o consumo e, isso gera riqueza através do trabalho (remunerado), gerando a desconhecida "inflação boa". Para nações desenvolvidas, se torna fundamental a vinda de imigrantes pois sua população decresce sozinha em conformidade à cultura de não procriação e, principalmente, para nós analisarmos, ao aumento do custo de vida ao longo do tempo (imagens 1; 2 e 3). O argumento econômico que poderia limitar sem tanta exatidão o número dos novos povos seria a dinâmica da inflação pois ela aumenta naturalmente sem intervenção estatal (quem dera se o Estado não piorasse), e, ao mesmo tempo, torna impraticável a vida dos pobres independentemente da origem (imagem 4). Seguem gráficos e descrições que comprovam esse parágrafo com base no Canadá respectivamente:
Imagem 1: Reparem que a mortalidade diminui junto da natalidade, é um fenômeno comum nos desenvolvidos com o envelhecimento populacional. E estamos falando de um país que tem programas de imigração há décadas, eis a estimativa de baixo crescimento para 10 anos a frente. O governo canadense se preparou, hoje a nação decresceria significativamente.
Imagem 2: Para entender o custo de vida, reparem na linha preta que representa o salário mínimo do Canadá. Em 10 anos houve um aumento de aproximadamente 45% , e já haviam mais de 3 milhões de imigrantes residentes no país desde a primeira alteração. As justificativas são variadas, porém o crescimento populacional naturalmente é uma delas.
Imagem 3: Na velocidade de +200 mil imigrantes residentes por ano, nos próximos 10 anos, os 39 milhões de Canadenses terão uma considerável parcela de imigrantes em sua população que mantém seu número do PEA (população economicamente ativa) via programas de imigração. Sua cultura perderá identidade por mais que o governo seja totalmente eficiente em não propagar uma revolução interna.
É superinteressante analisarmos a criminalidade do Canadá e compará-la ao número de imigrantes. De acordo com a imagem 4 e a descrição, tive o desprazer de constatar que, tendenciosamente, as cidades que estão acima da média, foram as que mais receberam imigrantes apesar de Toronto e outras regiões mais "comerciais", cidades grandes bem protegidas que não lideram os índices de violência, incomum? Não há outra alternativa, precisamos saber quem imigra de fato.
Imagem 4: Winnipeg foi uma das cidades que mais recebeu imigrantes, o mesmo vale para Edmonton. O Estado de Saskatchewan possui grande participação no programa e tem duas cidades acima da média canadense, de resto é só bater as estatísticas desse site (http://www.cic.gc.ca/english/resources/statistics/facts2014/permanent/11.asp) com a tabela acima.
Canadá é apenas um país modelo, o que menos tem problemas dentre os desenvolvidos, e é preocupante que esses fenômenos aconteçam com quem tem preparo, pois imaginem o resto. Claramente, não é porque alguém é pobre ou imigrante que correrá diretamente para a vida do crime. Porém sabe-se que está ocorrendo uma nova onda de criminalidades por parte dos imigrantes em toda a Europa, a nova leva do episódio Sírio trouxe o tema à pauta até nas eleições norte-americanas, isso está mudando mentalidades de muitas nações que, como a França pré-Paris (2015), tinham uma boa receptividade a tantos povos e culturas que possuem valores conflituosos inclusive. Como poderíamos definir quem deve entrar ou não em nossos países afinal? Ou deveríamos?
Um senhor de idade me abordou outro dia numa rua do meu bairro; como eu, ele havia nascido e crescido no Rio de Janeiro, nunca arredando o pé da cidade maravilhosa até o momento. Cheio de experiência, religiosidade e simpatia, queria a minha concordância sobre seus relatos que concedia a uma moça baiana que o acompanhava e não o confrontava na argumentação, e eu não pude negar sua afirmação maior: a violência do Rio de Janeiro não é carioca. Discursou durante alguns minutos sobre a migração interna brasileira e disse que aqui era o destino de todos os cidadãos, parcela estrangeira também, que queriam melhorar suas condições econômicas ou fugir de tragédias ecológicas. Minha avó mesmo veio junto de sua família mineira na era Vargas que não acompanhou a fuga dos caipiras depois do governo J.K., a criação de Brasília incitava migrantes a darem uma folga ao RJ e a voltarem aos seus lares originais pois aqui o trabalho estava escasso. Os nordestinos, todavia, foram os que mais continuaram aqui por medo da pobreza e, principalmente, da seca que não cedeu até hoje por lá; povoaram exageradamente a periferia a ponto de criar e aumentar as favelas por toda a Guanabara, sem dúvidas o êxodo rural potencializou o fenômeno.
Por fim, me utilizei de tantas informações para lhes dar a conclusão: a imigração (ou migração) não gera criminalidade, a inflação decorrente do boom populacional sim, salvo conflitos culturais. Não é preciso dizer o que o Rio de Janeiro se tornou com esse crescimento populacional brusco, o próprio Estado não conseguiu estar presente dentro de centenas de comunidades por conta da falta de gigantescas verbas e o domínio do tráfico, que só foi "quebrado" com o projeto das pacificações. E ainda há muito caminho pela frente para perdermos a marca da violência urbana e precariedade dos serviços públicos. De fato a inflação não ocorre somente pelo aumento das atividades econômicas, também há a intervenção do governo que desvaloriza a moeda via emissão de crédito como bem verificaremos a seguir:
Reparem que a inflação alta do período militar era estável, os picos se deram nos planos de troca das moedas porque os governos queriam seguir a fórmula keynesiana sobre a emissão de crédito. Isso também vale para o plano real, que estabilizou a moeda por meio do lastro em dólar numa excelente execução.
O povo brasileiro é sofrido no que tange assuntos econômicos (como tantos outros), mas agora se ponha no lugar de um cidadão comum que vive na precariedade: se não possuirmos valores honestos, a vida do crime bateria a porta porque é uma alternativa fácil no combate à pobreza individual. Aquele mesmo senhor, que era afrodescendente, me contou sobre o primeiro assalto que ocorreu em meu bairro, foi realizado por dois não-cariocas que eram descendentes de índios e negros contra uma padaria. Conforme o custo de vida aumenta sem geração de renda para a população, o desespero força as pessoas que não possuem humildade a roubar de quem trabalha ou até mesmo matá-las. Desde o aluguel, serviços fundamentais à sobrevivência humana até produtos alimentícios, a inflação corrói o poder de compra pelo aumento dos custos e separa os ricos dos miseráveis nitidamente, e isso não é obra do Capitalismo... sim dos nossos governistas que desestimulam os investimentos e geram créditos que não existem, além de abrir as fronteiras como uma medida populista.
Críticas? |
Lucas Muzitano
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