quinta-feira, 24 de março de 2016

Adeus Sócrates, Olá Karl Marx

Foi-se formalmente isenta a obrigatoriedade, por parte das instituições de ensino médio e fundamental, do ensino de literatura portuguesa, com o objetivo de estabelecer uma maior valorização da literatura nacional, como as cantigas de cordel nordestinas e seus percursores sem se preocupar com a literatura medieval trovadoresca, humanista e classicista portuguesa. Flora Bender Garcia, professora universitária, expõe em um presente artigo da Folha de São Paulo, uma posição indignada com relação à decisão:

“A proposta beira o absurdo (...) como se pode apagar Portugal e a Europa de nossas origens? Tirando do mapa? Será que mais uma vez a seleção de conteúdos foi contaminada por um viés político e ideológico anacrónico? (...) Já que Portugal teria sido uma metrópole colonialista europeia que explorou as riquezas de suas colónias e escravizou populações negras e indígenas na América e em África, agora seria a vez de dar voz à cultura dos oprimidos, em detrimento da Europa elitista e opressora?"

Com relação ao depoimento da profissional, é necessário apreendermos o verdadeiro motivo pelo fato de o ensino de literatura portuguesa agora se mostrar facultativo sob um viés de politicamente correto exposto pelos organizadores da proposta.


Não é possível compreendermos literatura nacional e internacional alguma no ocidente se não pelos os valores morais, culturais, éticos e filosóficos que formulam a metafísica de nossos costumes, todos fundamentados na moral judaico-cristã, que serve como embasamento para a nossa constituição legislativa, que é inspirada pelo direito Romano; também havendo uma relação com a filosofia grega aristotélico-platônica. Há uma relação direta entre a literatura medieval, humanista e classicista portuguesa com todos os valores metafísicos que podemos compreender pela moral judaico-cristã. Que é um dos pilares fundamentais para que possamos saber como se procedeu nosso desenvolvimento cultural, artístico e científico no decorrer dos séculos, desde a época helenística socrática.

Não há como compreendermos o que se passa em nossa literatura sem entender o que se passou na filosofia e na literatura de nossos ancestrais europeus. Uma vez que, com o universalismo cristão dominante, e com a importação maciça de diversas culturas para o Brasil no decorrer de três séculos, é possível saber que todas as adaptações e modificações culturais presentes em nossa estória, no âmbito literário e em outros gêneros artísticos, passassem por uma influência estética estabelecida pelos valores judaico-cristãos por nós conhecidos. Não há como valorizar o “afro” sem compreender o “euro”, não há como se compreender a peixeira em saber para que servil a excalibur.


Seria essa uma clara tentativa de desmoralização dos valores judaico-cristãos a fim de tornar permissivos os alunos a um relativismo conceitual freiriano (“Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo.”)?

Antônio Gramsci, teórico marxista italiano, que repudiava a tática lenista-marxista caracteristicamente violenta, fora um dos percursores do método mais incisivo para a instauração do marxismo cultural: a infiltração ideológica por meio das instituições de ensino e veículos midiáticos a fim de tornar os interlocutores e aprendizes permissivos ao marxismo, disfarçado sob o viés do politicamente correto, da “retórica do bom moço que deseja o bem e a paz e respeita a pluralidade étnica cultural”. E para que isso fosse bem sucedido, foram reconhecidos pelos marxistas os três pilares fundamentais da sociedade capitalista difundidos através das Instituições, já mencionados, neste texto: a moral judaico-cristã, a filosofia grega e o direito Romano.


Com a desvalorização e banalização de um desses pilares, os outros simplesmente roem juntos. Não há mistério e isso já se tornou um chavão repetido incessantemente por conservadores e reacionários com o mínimo de discernimento bibliográfico. A literatura portuguesa é claramente relacionada à cultura greco-romana em seus períodos mais “antigos” tratados nas escolas mencionadas. Toda a estruturação textual que conhecemos; nosso alfabeto e toda a nossa erudição comporta os valores estéticos e semânticos europeus. Não é possível valorizar e compreender a literatura brasileira sem valorizarmos a europeia, quiçá construir nossa sociedade sem saber a origem de nossa cultura.

O ostracismo de Sócrates abre espaço ao avento escarnecedor e bizarro de Marx. A desmoralização de Santo Agostinho trás à tona a demência intelectual recheada de cacoetes verbais decorados e expostos em militâncias ridículas, que são um prato cheio para que a esquerda mantenha-se hegemônica e se aproxima cada vez mais da institucionalização do socialismo em um país com tamanho potencial. Por que tínhamos de ser essa lixeira intelectual adornada de ouro pelos trópicos, mas esgotada em pedra ao seu cerne?

Gabriel Silva Corrêa Lima 

4 comentários:

  1. É a resposta de um governo que além de corrupto é um vendilhão da cultura e dos valores, principalmente cristãos. Querem fazer como os fanáticos vem fazendo no oriente: destruir a cultura, e até o bom entendimento entre as pessoas no falar corretamente. É contra a carreira dos juízes principalmente e advogados. Governo estúpido, ignorante, destruidor, anarquista, opressor, anti-popular e anti-familia, contra Deus e os valores todos principalmente o Amor Incondicional, a Verdade, a Justiça, a Ética.

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  2. É a resposta de um governo que além de corrupto é um vendilhão da cultura e dos valores, principalmente cristãos. Querem fazer como os fanáticos vem fazendo no oriente: destruir a cultura, e até o bom entendimento entre as pessoas no falar corretamente. É contra a carreira dos juízes principalmente e advogados. Governo estúpido, ignorante, destruidor, anarquista, opressor, anti-popular e anti-familia, contra Deus e os valores todos principalmente o Amor Incondicional, a Verdade, a Justiça, a Ética.

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  3. Gabriel exelente texto sobre educação. Gostaria que o viés político não estivesse exposto nele já que infelizmente em tempos como os atuais pela cegueira relacionada a atual crise política provavelmente muitos verao apenas a isto. Você deveria ter deixado a opniao sobre o governo de fora. A critica estava ótima. Bjs. ��

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    1. Obrigado pelos elogios, Gisele. No entanto, a crítica com relação a esse plano não se dissocia da política, portanto, é essencial retomá-la para que as pessoas possam se conscientizar com relação aos partidos e seus discursos, que podem ser muitas vezes falaciosos.

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