quarta-feira, 16 de março de 2016

Ensaio sobre "O Nazismo é Socialista?"



Destaco um trecho do capítulo "As Raízes Socialistas do Nazismo", do livro "O Caminho da Servidão" de Friedrich Hayek, também agraciado pelo prêmio Nobel da Economia. Trata-se de um livro clássico e bastante reconhecido na defesa do liberalismo clássico.
Neste capítulo que extraí o trecho, ele explica como as ideias nazistas tiveram apoio precisamente do lado socialista que se opunha aos aspectos tidos por liberais contidos no marxismo - seu internacionalismo e sua democracia. Ele afirma que os precursores do nazismo, Fichte, Rodbertus e Lassalle, são reconhecidos simultaneamente como fundadores do socialismo. Da fusão entre o socialismo radical e o socialismo conservador - destruindo qualquer traço liberal - surgiu o Nazismo, outra modalidade de coletivismo:
"Por que, então, essas ideias, sustentadas por uma minoria reacionária, vieram a conquistar o apoio da grande maioria do povo e de praticamente todos os jovens alemães? Não foram apenas a derrota, o sofrimento e a onda de nacionalismo que as conduziram ao sucesso. Tampouco, como muitos querem acreditar, foi o seu êxito ocasionado por uma reação do capitalismo contra o avanço do socialismo. Ao contrário, o apoio a essas ideias veio precisamente do lado socialista. Não foi, por certo, a burguesia, mas antes a ausência de uma burguesia forte, que favoreceu sua escalada ao poder.
As doutrinas pelas quais, na geração anterior, as lideranças alemãs tinham-se pautado não se opunham aos elementos socialistas do marxismo e sim aos elementos liberais que este continha – seu internacionalismo e sua democracia. Ao se evidenciar cada vez mais que esses elementos eram justamente os que constituíam um obstáculo à realização do socialismo, os socialistas da esquerda aproximaram-se cada vez mais dos da direita. Foi a união das forças anticapitalistas da esquerda e da direita, a fusão do socialismo radical e do socialismo conservador, que destruiu na Alemanha tudo quanto ali havia de liberal.
Foi estreita, desde o início, a relação entre o socialismo e o nacionalismo naquele país. É significativo que os mais ilustres precursores do nacional-socialismo – Fichte, Rodbertus e Lassalle – sejam reconhecidos, ao mesmo tempo, como fundadores do socialismo. Enquanto o socialismo teórico, em sua forma marxista, dirigia o movimento trabalhista alemão, o elemento autoritário e nacionalista recuou durante algum tempo para o segundo plano. Isso não durou muito, contudo.
De 1914 em diante, das fileiras do socialismo marxista foram surgindo doutrinadores que arrebanharam para o nacional-socialismo, não os conservadores e os reacionários, mas os trabalhadores e a juventude idealista. Foi só a partir daí que a corrente nacional-socialista se projetou, transformando-se em pouco tempo na doutrina hitlerista. A histeria de guerra de 1914 que, por causa da derrota alemã, nunca se extinguiu por completo, é o ponto inicial dos desdobramentos mais recentes que produziram o nacional-socialismo, e foi em grande parte à colaboração dos socialistas da velha escola que se deveu a sua ascensão durante esse período."
Destaco também, a aula de Cassiano Tirapani, professor de história, no youtube. Nessa aula, ele explica que o raciocínio utilizado para enquadrar o nazismo no espectro político da direita não é correto, por ser metonímico, uma vez que, nas suas palavras, "O nacionalismo é aspecto acidental do nazismo. A substância é socialista"
Laura Pires
Divirtam-se!

Nenhum comentário:

Postar um comentário